Com “Trilhos”, seu novo trabalho fotográfico, Mariana Canet trilha outro caminho. Depois de “Reflexos”, “Abstrato” e “Natureza”, neste a artista utiliza a fotografia para criar imagens com várias fotos. A partir de colagens que fez manualmente e que resultaram em seis quadros, em “Trilhos” utilizou o computador para fazer as colagens/montagens.
Neste livro, como obra acabada, Mariana constrói quatro fases. Começa com a terceira e vai até a que nomeia de zero. De uma primeira montagem, a seguinte seria uma variação da primeira, um segundo movimento, como em uma obra musical. A surpresa está nas duas fases finais. Que poderiam, inversamente, começar o livro. Uma leitura circular. Como o “Finnegans Wake”, de James Joyce ou na tradução brasileira de Donaldo Schüler, “Finnicus Revém”. Ou como num perpetuum mobile. Na fase 1 vemos fotografias de equipamentos de estrada de ferro em planos aproximados que são uma parte de uma peça inteira e a descaracterizam. Na fase 0, a velocidade, o movimento, a paisagem sem detalhe dão lugar à abstração.
Dico Kremer